5 razões que fizeram a “Malhação – Vagabanda” ter sido um sucesso
Por razões de: trabalhar em casa e ter coberto Malhação por pelo menos dois anos da minha vida, tenho assistido quase que diariamente a temporada 2004 que tem sido reprisada no Canal Viva ao mesmo tempo que me deparo com a triste tentativa de uma boa trama feita por Malhação – O Seu Lugar No Mundo. Enquanto a temporada antiga nos prende desde a primeira semana, a temporada atual teve que usar várias estratagemas (e novos personagens) para conseguir cativar minimamente o público. Com campanhas sociais fracassadas e personagens sem função (não sei o nome de alguns até hoje, desconfio que outros nem trabalhando mais lá estão), tem sido complicado o esforço da atual temporada para cativar os adolescentes e conseguir aumentar a audiência.
A coisa melhorou, temos que admitir, mas também vamos combinar que por muito tempo foi um suplício ligar a TV logo depois que acaba Caminho Das Índias. Vamos combinar também que mesmo com algumas melhoras significativas, a temporada atual está bem longe da qualidade de temporadas anteriores que fizeram sucesso ( Intensa Como a Vida, Sonhos) e anos-luz longe da qualidade da temporada lá de 2004. Por essa razão, reunimos aqui seis razões pelas quais nós acreditamos que a temporada 2004 fez sucesso. Corre ver:
A novela falava sobre assuntos de interesse dos adolescentes
Uma coisa bem interessante de se notar na temporada da Vagabanda é que, embora os atores tivessem pelo menos dez anos a mais do que a idade que tentavam aparentar, os assuntos que eram abordados na trama conversavam muito bem com os adolescentes da época. A trama se passava no colégio, tinha gente certinha e gente zoeira, tinha muita azaração em clima de paquera, tinha uma família pobre e uma família rica. Tinha os pais do Gustavo (Guilherme Beringer) que se separaram e fazem os filhos lidar com a barra que é ter pais separados e também tinha os conflitos normais da vida de todos os adolescentes: problemas no namoro, não conseguir terminar o trabalho de geografia, ter que abdicar a uma festa pra estudar, não ter dinheiro o suficiente pra sair, ou terminar um namoro por perceber que está apaixonado por outra pessoa.
O lance da identificação é muito importante quando estamos falando de uma novela de adolescentes e, vamos combinar que é muito mais fácil se identificar com um caso de amor que começa com uma pessoa implicando uma com a outra (Miss Gari x Gustavo) do que com o mistério do Pedro sumido, não é?
Os personagens eram carismáticos
Uma das razões de eu mudar canal no momento que aparece a família do Feliciano em A Regra do Jogo é o fato de todos aqueles personagens terem zero de carisma. Também tenho pouca paciência pra Malhação atual porque, salvo uma ou outra exceção, uma boa parte dos personagens era beeem chato. Tem como você querer torcer pra Ciça (Júlia Konrad)? Luciana (Marina Moschen) e Rodrigo (Nicolas Prattes)? Você quer mesmo saber no que vai dar a recente história de Roger (Brenno Leone) com a tal da Flávia? Você sabe qual é a verdadeira relevância da filha do Didi pra trama? Não, né.
Enquanto isso, lá na temporada 2004 mesmo os núcleos paralelos trazem personagens interessantes. A Bel (Laila Zaid) é só uma amiga da Myiuki (Daniele Suzuki) mas as cenas com ela são interessantes. A república do Vinícius (André Di Biasi) é um núcleo paralelo, mas você não quer mudar de canal quando eles aparecem. Personagens carismáticos fazem com que a gente goste de assistir à novela e esse é um dos grandes triunfos da temporada da Vagabanda: tinha muito pouca gente chata.
Os núcleos paralelos tinham histórias que valia a pena ver
Enquanto toda vez que a filha do Didi aparece conversando com aquele amigo dela eu corro pra pegar um lanche na cozinha, na Malhação 2004 eu estou ansiosíssima pra saber se a Aline vai ou não começar a namorar com o Fabrício ou se a Drica vai voltar da Itália uma hora e vai resolver namorar o TDB. Eu quero até saber se, no núcleo adulto, os pais do Gustavo vão ou não desistir da separação. Enquanto isso, morro de preguiça de ver Ruben e Bia conversando sobre os filhos na temporada atual. Pra ter vontade ver um capítulo inteiro de uma trama, os núcleos paralelos tem que funcionar, ou nada feito.
Os merchans sociais não eram tão caricatos
Ok, também acho que eles forçaram um pouco a barra na ocasião que a Miss Gari resolveu fazer uma GINCANA DA RECICLAGEM, mas fiquei positivamente surpresa com as discussões sobre bullying e racismo, por exemplo. Em uma das cenas que foram exibidas nas últimas semanas, Aline, uma menina negra, vai visitar seu amigo Fabrício (aquele que foi jogado no estaleiro pelo Catraca) e o porteiro diz pra ela usar o elevador de serviço. Não é uma situação absurda e nem deslocada, isso pode acontecer (e acontece!) o tempo todo.
Nesta semana, Alvinho, um menino que sofre de asma e é esquisito está sendo constantemente zoado pela Natasha e pelo Catraca e tem vergonha de dizer que está sofrendo bullying porque se sente acoado. Enquanto Gustavo argumenta que aquilo é só “zoação” a Miss Gari bate na tecla que aquilo pode acabar com a vida de uma pessoa. Que atire a primeira pedra quem nunca viu algum colega de escola ser constantemente zoado e acabar beeem traumatizado por isso. Enquanto isso, na Malhação atual tivemos aquele desserviço com a questão da AIDS (continua péssimo) e as conversas sobre política entre os jovens e os adultos são muito caricatos. Ninguém a sua volta fala ou age desse jeito.
Tanto o casal principal quanto os vilões eram convincentes
Na temporada 2004 ou você amava ou odiava Miss Gari, mas ela causava alguma emoção em você. Você também queria dar um soco ou amava Natasha e Catraca. Natasha e Miss Gari tiveram embates épicos e já se pegaram no tapa em diversas ocasiões. Você torcia pelos personagens e isso é meio caminho andado em uma novela. Na temporada atual pra mim tanto faz que Rodrigo e Luciana fiquem ou não juntos e vilão, bem… que vilão?
Eis porque mesmo doze anos depois da estreia é legal ver a temporada 2004. Tem coisa que é meio capenguinha? Tem. Mas dá pra entender porque fez tanto sucesso na época. Até hoje é gostoso de assistir. A temporada atual podia tomar como exemplo. Vale a dica.
Acho que depende do público e geração. Como você mencionou tantas coisas, percebo que esta mostrava vários assuntos em um: conflitos, estilos, personagens únicos, diversão, carisma, mistério interessante que deve ser concluído, dúvidas adolescentes (onde hoje a internet nos esclarece fácil), concientização que nos faziam refletir com seriedade (nossas amizades, bullying, racismo) e a responsabilidade de um jovem. Eu acho muito bom uma novela teen focar em várias assuntos interessantes onde os personagens tem de ter cada um sua história e não só criarem ele para algo vago só para encher linguiça.
A única que assisti foi a de 2004. Ver a 2005 no Viva não me convenceu muito principalmente com o casal principal, tinha conteúdo entediante e havia enrolações. Betina não foi uma personagem do qual me identifiquei totalmente, sendo penosa poderia evoluir em si. Uma série Teen que adoraria ver seria os X men Evolution com atores reais, porque apesar de ser um desenho de ação, apresenta uma trama incrível entre jovens com personagens únicos descobrindo ”seu lugar no mundo”.
A temporada de 2004 devia era passar no lugar da atualzzzzzz
Larissa <3 Fábio <3
Queria o Disqus nos comentários, mas tudo bem…