“Liberdade, Liberdade”, o estranho caso da novela que é boa mas ninguém nem tchuns

Se você acompanha o Coisas De TV, você sabe que a gente teve um bode imenso com a estreia da novela das onze da Globo, “Liberdade, Liberdade”. Segundo nossa bolinha de cristal quebrada, a novela tinha tudo pra ser um desastre: trama histórica, Andrea Horta no papel principal, longas explanações sobre a inconfidência mineira, núcleo o Caio Blat gay enrustido entre outras questões. Acontece que estávamos errados sobre esse nosso bode e não temos problema nenhum em dizer que, no fim das contas, a novela nem era tão ruim assim. Pelo contrário, a novela é até bem boa.

Confessamos que aqui na redação a gente não assiste sempre até por conta do horário. Como essas novelas das onze não tem um horário fixo, a não ser que você esteja completamente obcecado pela história, ou tenha muita vontade de acompanhar tudo pela GloboPlay, você acaba vendo apenas um capítulo aqui e outro acolá quando a novela começa depois de um programa que você já estava assistindo. Foi o meu caso nessa última semana. Acabei topando com “Liberdade, Liberdade” algumas vezes, e… não é que a novela é até boa?

Alguns núcleos são simplesmente divertidíssimos, como é o caso dos bandidos saqueadores liderados por Marco Ricca que está ótimo no papel de Mão de Luva. No mesmo núcleo, Gaspar, interpretado por Rômulo Estrela, também rouba a cena. Nathália Dill, que podia ser apenas mais uma noiva ressentida com o fato de seu noivo ter se apaixonado por outra, faz um papel cheio de nuances e por vezes muito engraçado. Agora que Branca está se descobrindo grávida e tem mil e um desejos esquisitos, as cenas da personagem são impagáveis.

branca-liberdade-liberdade

Outro que vai muito bem é Dalton Vigh no papel de Raposo, seguido pela amarga Dionísia (Maitê Proença). A mais recente aquisição do núcleo da casa, o pequeno Caju (Gabriel Palhares), também rende ótimas sequências. Todos esses personagens juntos dão um caldo muito bom, mas então porque é que a novela, apesar de não ir mal de audiência, tem quase zero de repercussão?

Bem, é difícil entender porque uma novela que não tem grandes defeitos não vira um fenômeno. Vejam o caso de “Velho Chico”. Apesar da trama ser bonita, com bons atores e bons personagens, parece que ainda falta alguma coisa para que a história engrene de vez. Parece ser o que acontece com “Liberdade, Liberdade”. Apesar de não ter nenhum defeito grave, falta alguma coisa para que a trama cative de vez os telespectadores.

E talvez, boa parte dessa culpa esteja no núcleo principal. É que embora as histórias em volta corram bem, é beeem difícil de engolir a história de Joaquina (Andrea Horta). Sem carisma nenhum, a mocinha não faz com que tenhamos vontade de torcer por ela. Aliás, a impressão é que temos às vezes é que a história correria imensamente melhor sem ela por ali. Os núcleos paralelos prendem mais a atenção do que o amor entre ela e Xavier (Bruno Ferrari) e sua luta por… explica aí pelo que Joaquina está lutando, Regina:

Enfim. Falta de repercussão de lado, temos que dizer que “Liberdade, Liberdade” está longe de ser uma novela ruim. Pode até não ter aquela coisinha a mais que faz com que a gente não queira perder um capítulo, mas foge do didatismo comum a novelas de época, diverte e tem bons atores criando ótimos personagens. Entretanto, emplacar que é bom, não emplacou. Às vezes parece ser necessário mais do que uma história bem feitinha para conquistar o público. E é isso que tem faltado à “Liberdade, Liberdade”. Essa coisinha a mais que não sabemos bem o que é, mas que faz com que uma novela caia no gosto geral do público. Talvez seja culpa do horário, talvez culpa da protagonista, talvez um bode anterior que sempre vem quando ouvimos falar de novelas de época. Talvez tudo isso junto. Uma pena, porque a novela, de fato, merecia mais.

Larissa Martins

Fala muita bobagem, escreve sobre quase qualquer coisa e sabe tudo sobre a temporada da vagabanda de malhação.

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14 Resultados

  1. Isabela Pimentel disse:

    Na verdade eu acho que a novela tinha tudo para ser excelente, até que virou um triangulo romantico entre Joaquina, Branca e Xavier… decepcionante! Esperava muito mais… Pelo menos as atuações foram todas impecáveis.

  2. Diego Carvalho disse:

    Acho a atuação da Andreia Horta impecável. Forte, emotiva e muito bem interpretada por uma atriz tão promissora. Estranho ver comentários negativos com relação a atuação dela. Ela esta super elogiada e até mesmo pelo autor da novela. Observem ela com mais calma e inteligência que verás o quão competente ela é. Menos julgamentos! Liberdade Liberdade é de longe a melhor novela que já existiu.

  3. josyvais disse:

    Bom eu gosto de todos os personagens da novela, ao meu ver é a melhor novela da Globo na atualidade.
    Detalhe para a Nathália Dill que deu um show na cena do jantar na casa do Rubião na ultima terça.

  4. iaranrose disse:

    A novela é boa, mas também não consigo acompanhar, pq meu sono é tão instável quanto o horário de exibição dela. Costumo assistir toda terça pq não perco Mister Brau, mas tento acompanhar pelo Gshow, onde passo todas as cenas do casal principal que pouco me interessa: de um lado pq é meio cliché e previsível, de outro, pq se a Andreia Horta é meio chatinha, o personagem do Bruno Ferrari também não é esses que empolga, mesmo tendo importância para a “revolução”. Ele tem um ar de D’Artagnan e todo mundo sabe que o caçula dos Mosqueteiros é um mala. A ideia da Joaquina como mártir da liberdade também parece meio exagerada. E como a existência ou não dela, não faz diferença para os movimentos de independência,a história poderia correr bem sem ela. Mas a presença dela dar ares hollywodianos para a produção, para o bem e para o mal.
    A novela tem muitos acertos, mas carece de um núcleo principal com fôlego. Fiquei feliz de ver que o Solano conseguiu acertar o tom do vilão e apagou os rastros do Félix. Dalton Vigh está indo muito bem também e muito melhor que os galãs mais novos da novela. A caracterização de Raposo lhe caiu muito bem.

  5. iaranrose disse:

    A novela é boa, mas também não consigo acompanhar, pq meu sono é tão instável quanto o horário de exibição dela. Costumo assistir toda terça pq não perco Mister Brau, mas tento acompanhar pelo Gshow, onde passo todas as cenas do casal principal que pouco me interessa: de um lado pq é meio cliché e previsível, de outro, pq se a Andreia Horta é meio chatinha, o personagem do Bruno Ferrari também não é esses que empolga, mesmo tendo importância para a “revolução”. Ele tem um ar de D’Artagnan e todo mundo sabe que o caçula dos Mosqueteiros é um mala. A ideia da Joaquina como mártir da liberdade também parece meio exagerada. E como a existência ou não dela, não faz diferença para os movimentos de independência,a história poderia correr bem sem ela. Mas a presença dela dar ares hollywodianos para a produção, para o bem e para o mal.
    A novela tem muitos acertos, mas carece de um núcleo principal com fôlego. Fiquei feliz de ver que o Solano conseguiu acertar o tom do vilão e apagou os rastros do Félix. Dalton Vigh está indo muito bem também e muito melhor que os galãs mais novos da novela. A caracterização de Raposo lhe caiu muito bem.

  6. Lia disse:

    Joaquina é bem insípida mesmo – fico triste, porque a novela poderia ser incrível com uma protagonista mais complexa (e uma atriz superior…). Ela e Xavier são o auge do sem graça.

  7. LNunes disse:

    Liberdade Liberdade merece repercutir muito mais! A trama anda em todos os capítulos (talvez até rápido demais), a direção é muito boa, sabe usar a trilha sonora direito (compare com Velho Chico, onde tocam aquele “TÃ-TÃ-TÃ-TÃ-TAAAAAAAM” altíssimo a cada embate entre personagens) e é cheia de personagens/núcleos interessantes.

    Concordo que o único problema é a Joaquina mesmo. Tentaram escrever uma personagem “revolucionária”, “à frente do seu tempo”, mas acabou ficando chata, fora de época e surreal. Já não tenho a mesma impressão dos outros personagens rebeldes (Virgínia, Xavier) e não sei explicar o porquê. Acho que tem a ver com a atuação da Andréia Horta.

    • Lia disse:

      Engraçado você comentar da trilha sonora porque uma das coisas que anda me deixando louca em LL é a musiquinha que imediatamente começa a tocar nas cenas de Branca, hahaha.

  8. Ótima crítica, Larissa, tudo muito bem pontuado. Tbm torcia o nariz para a novela, cheguei fugir delas nos primeiros capítulos por puro (pré)conceito, mas acabei assistindo por acaso e me surpreendi positivamente. Atualmente, é uma das novela que acompanho, junto com Anjo Mau (as outras me dão nos nervos). E acho que por isso vou me empolgar e falar um bocado:

    O que mata mesmo é o horário, um malabarismo diário e sem as quartas-feiras prejudicam o hábito de quem quer acompanhar.

    Sobre os protagonistas: Toda vez eu fico pensando em alguma outra atriz para o papel de Joaquina, que não é dos mais agradáveis, mas uma atriz com carisma tornaria as coisas mais fáceis e quem sabe a gente torceria por ela. O Bruno Ferrari consegue ser pior que a Horta, sua personagem é irritante e irresponsável, não dá pra torcer por ele. Confesso que clamo (em vão) para o Rubião matar o Xavier. Além do carisma zero dos atores, as personagens não tem nuances. Eles são justos demais, bons demais, discursivos demais… dois chatos de romance então zzzzzzz. Se eles tivessem mais nuances, talvez a trama principal fosse mais empolgante.

    Tramas paralelas: Estão maravilhosos. A trama da personagem da Maitê com o ex-marido, apesar de ser uma pessoa hipócrita e preconceituosa, dá medo e faz com que fiquemos do lado dela, ainda mais em tempos de violência contra a mulher. O romance gay de época é interessante e tá sendo abordado de maneira delicada, mais um ponto pra novela. A Branca da Nathalia Dill é a melhor personagem (aqui reconheço meu erro em comentar que não aguentaria a atriz em mais uma personagem histérica), ela é descarada, hipócrita, engraçada, carismática, ótima. Marco Ricca tbm merece elogios, parece que saiu do eterno papel dele mesmo e tá fazendo o Mão de Luva muito bem. Zezé Polessa parece outra pessoa em cena com a Ascenção. E todos o outros também estão ótimos, pra não me alongar ainda mais.

    Geral: O texto é bom, sem didatismo nem sensacionalismo e até bem atual com o Brasil de hoje. A trama é séria, densa, violenta, mas tem seus momentos irônicos e bem humorados, além dos bons ganchos. A direção é boa. Ambientação meio misteriosa, rústica, combina com a época histórica. Cenografia, figurinos, cenas externas… tudo em seu devido lugar. Só peca mesmo, e justamente, no principal (o que a maioria das novelas pecam): Falta de humanidade nos protagonistas. Enfim, não é uma óóótima novela, mas é boa. E sim, merecia mais, mas é o que temos pra hoje.

  9. Paula disse:

    Eu ao contrário de vcs,esperava uma trama bem boa (n sei se é pq adoro novelas de época) realmente a trama é boa, tem núcleos muito bons! Mas a Joaquina também não engulo (Acho a atuação de Andreia Horta muito medianafraca) o problema está no núcleo central msm.

  10. Diana Brazão disse:

    Jesus já pode voltar para a Terra! Coisas de Tv elogiando Liberdade²? estou sonhando!

  11. José disse:

    Eu sou contra novelas de época em horários tardios. Não me agrada, simplesmente. Acho que os casos de Velho Chico e Liberdade, Liberdade são semelhantes: faltam às duas novelas como ingrediente a pegada popular. O Benedito Ruy Barbosa acha que ainda escreve pro público dos anos 1990 (não acho que O Rei do Gado faria sucesso se fosse inédita, só deu certo na reprise por saudosismo mesmo), e aquela estética lúdica não combina nem um pouco com o horário. A Globo achou que o público das 21h queria sonhar, embarcar num mundo distante dos crimes, das favelas, das maldades… ledo engano. Apesar de existir um certo frescor em não termos Rio-São Paulo no horário nobre, Velho Chico é uma novela fraca. O conflito central é um pai coronel proibindo uma filha de 50 anos (com cara de 25) de namorar um homem porque o pai dele não gostava do patrão do pai do sujeito 60 anos atrás… qual a verossimilhança disso? Nenhuma, né? O problema de Babilônia e A Regra do Jogo não eram a maldade, os crimes ou beijos gays: eram novelas ruins mesmo.

    Quanto à Liberdade, Liberdade: o horário das 23h já tem público fidelizado. Existe um nicho de público que gosta justamente dessas novelas exibidas mais tarde por serem menores e tratarem de temas mais diferentes dos clichês manjados das 18h/19h/21h. E por mais que exista um ano de separação entre o término de uma novela das 23h e o início de outra, o público já se acostumou que todo ano tem peito e bunda a rodo na Globo nesse horário. Nenhuma novela das 23h decepcionou na audiência até agora, nem mesmo Saramandaia. Todas, de O Astro a O Rebu, conquistaram o público pela curiosidade por serem releituras de grandes obras do passado. Verdades Secretas, como primeira novela inédita, foi um acerto em cheio: enredo bom, personagens bons, direção boa, elenco bom, trilha sonora boa, fotografia boa, ganchos bons… com a pitada que falta à atual novela do horário: apelo popular. Temas atuais, drogas, homossexualidade, sexo, prostituição de luxo, mundo da moda, pessoas reais em vez de mocinhos x vilões, era uma novela que dialogava com o jovem contemporâneo sem máscaras e sem os olhares preconceituosos da família tradicional brasileira, que já estava dormindo no horário. Liberdade, Liberdade só é lembrada quando aparece o que? Isso mesmo, um casal gay reprimindo suas vontades. De resto, quem quer saber da filha do Tiradentes querendo vingar o esquartejamento do pai enquanto está noiva do Félix falsiane?

    • Yasmin disse:

      Ah calaboca vai tomar no cu.
      Se você não consegue entender a profunidade e a graça em ver uma novela como Liberdade², que além de histórica, retratou A REALIDADE do nosso país, e não é só mais uma novelinha babaca com personagens burgueses e suas vidas vazias, só posso lamentar pelo ceu cérebro igualmente vazio. É por as pessoas não se interessarem por história e pela nossa própria história, que o país está como está.

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