Os 25 temas de “O Outro Lado do Paraíso” que NÃO deram certo

Durante muitos meses, Walcyr Carrasco usou a novela “O Outro Lado do Paraíso” para discutir temas importantes e promover  grandiosas campanhas sociais. Infelizmente quase nenhuma abordagem deu certo, e fizemos a já famosa listagem de tudo o que ele colocou na trama e não conseguiu desenvolver. Força aí porque é muita coisa!

#01. Agressão a mulheres
Como era pra ser: um dos temas principais da novela, através da relação tóxica entre Gael (Sergio Guizé) e Clara (Bianca Bin). Através de uma grande campanha da Globo e do autor Walcyr Carrasco, veríamos que agredir mulheres não só é crime como algo moralmente reprovável.
Como foi mostrado: Gael sofreu a maior passada de pano das telenovelas brasileiras desde quando o Félix foi perdoado por jogar sua sobrinha numa caçamba de lixo. A agressão de Gael foi terceirizada e agora é culpa dos “espíritos malignos” e de sua mãe Sophia (Marieta Severo).

#02. Alcoolismo
Como era pra ser: movida a álcool tanto quanto um automóvel, Elizabeth (Gloria Pires) mostraria a dificuldade de se recuperar de tão terrível vício.
Como foi mostrado: Betinha nunca foi vista bêbada na novela. E quando foram debater o assunto, a personagem apenas entrou numa convulsão cômica que a fez falar verdades para os outros personagens.

#03. Analfabetismo de adultos
Como era pra ser: acredite, o Brasil ainda tem muitos analfabetos, e a professorinha Estela (Juliana Caldas) mostraria o caminho de luz aos trabalhadores de Pedra Santa.
Como foi mostrado: tudo se transformou numa esquete apelidada carinhosamente pelo público de “Escolinha da Professora Estela”.

#04. Coaching
Como era pra ser: através de um merchandising pago, a advogada Adriana (Julia Dalavia) mostraria a modernidade que é usar coaching para superar problemas pessoais.
Como foi mostrado: o Conselho Federal de Psicologia ficou 100% pistola de terem usado coaching no caso de pedofilia e a galera do coaching também ficou putaça porque tudo na novela foi mostrado de forma equivocada. Ou seja, caso foi mais rejeitado que o próprio Michel Temer, com 100% de aproveitamento.

#05. Corrupção no Judiciário
Como era pra ser: Gustavo (Luis Mello) é um juiz corrupto que dita seus veredictos de acordo com as vontades de quem lhe paga. Seria a grande chance do brasileiro reconhecer essa casta cheia de vantagens e se revoltar na vida real.
Como foi mostrado: as propinas foram esquecidas e Gustavo foi aposentado forçadamente pela vingança de Clara. Detalhe: aposentado com bons rendimentos financeiros.

#06. Descaso em hospitais psiquiátricos
Como era pra ser: Clara foi enviada para uma Clínica Psiquiátrica de tratamento quase medieval, uma chance única de denúncia sobre instituições que lucram com a insanidade de seus pacientes.
Como foi mostrado: até hoje estamos tentando entender que clínica é essa que permitia Clara praticar crossfit nas rochas e que institucionalizou no manual do local que os corpos eram descartados no mar.

#07. Discussão sobre condições de trabalho
Como era pra ser: a mina da Sophia era um local de muita insalubridade para os garimpeiros, a ponto de ter rolado um acidente para apontar os erros.
Como foi mostrado: tudo isso foi deixado de lado quando Gael, em mais uma passada de pano do autor, tirou a camisa e salvou todo mundo sem nem precisar chamar os bombeiros.

#08. Disputa de guarda
Como era pra ser: Clara e Lívia (Grazi Massafera) disputaram durante boa parte da novela a guarda de Tomaz (Vitor Figueiredo). Quem deve ser a mãe? A que cria ou a de sangue?
Como foi mostrado: além do caso ter sido julgado pela bff da protagonista, em momento algum do tribunal levaram em conta a opinião do moleque (que já é bem grandinho) ou mesmo o fato de que Lívia ajudou no plano de interdição ilegal de Clara no hospício. Detalhes.

#09. Falência
Como era pra ser: Renan (Marcello Novaes) é um grande empresário que até consegue sobreviver a uma queda de cabeça do primeiro andar, mas não conseguiu aguentar à crise.
Como foi mostrado: ele passou meses fingindo que era bonzão, mas na verdade trabalhava em foodtruck. O poder do amor fez com que Elizabeth nem ligasse para esse problema, claro.

#10. Fetiches sexuais
Como era pra ser: Nádia (Eliane Giardini) gosta de manter sua vida sexual com Gustavo bem quente, tanto que usam fantasias sexuais para apimentar a relação. Seria uma forma de mostrar que é algo saudável para as pessoas.
Como foi mostrado: virou esquete e humanizou dois personagens que deveriam ir para a cadeia.

#11. Filho não criado por pais
Como era pra ser: Tomaz foi criado por Renato (Rafael Cardoso) e Lívia, afinal Clara estava internada e Gael… bem… é um traste. O autor teve a chance então de mostrar como família é quem cria e dá amor.
Como foi mostrado: infelizmente isso aqui é uma novela, então o pai de criação ficou totalmente maluco na fase final da novela e sequestrou o garoto. Já a mãe continua tão doida quanto na primeira fase.

#12. Gays no armário
Como era pra ser: Samuel (Eriberto Leão) finge ser heterossexual para não desapontar sua mãe Adinéia (Ana Lúcia Torre) e a conservadora sociedade de Palmas. Uma chance de mostrar um personagem diferente do homossexual convicto de “Amor à Vida”.
Como foi mostrado: sem qualquer coerência, Samuel arrombou a porta do armário depois da vingança de Clara e passou a se aceitar gay de uma hora pra outra. E seu núcleo sempre dramático virou esquete do “Zorra Total” com bordão e tudo.

#13. Idealização da Mulher
Como era pra ser: o que Diego (Arthur Aguiar) tem de belo, tem de antiquado. Afinal o personagem ainda tem aquela visão antiga de “mulher pra casar” e “mulher pra aprontar”. A proposta da novela era mostrar o quanto isso é prejudicial para a pessoa.
Como foi mostrado: indo de um extremo para o outro, sua ex-esposa virgem se jogou no bordel. Afinal, todos sabemos que quando a vida lhe oferece alguma decepção, a única saída diferente é se transferir para o núcleo das quengas.

#14. Impotência
Como era pra ser: ainda parte do caso anterior, a falta de disposição sexual de Diego serviria para mostrar que impotência é algo comum que afeta todas as idades, e não precisa ser motivo de chacota.
Como foi mostrado: Diego era humilhado. Pela própria família. Durante o jantar. Em cenas cômicas.

#15. Mediunidade
Como era pra ser: Mercedes (Fernanda Montenegro) é uma pessoa com sensibilidade espiritual superior, dando a chance da novela falar um pouco sobre outros tipos de fé.
Como foi mostrado: os poderes de Mercedes funcionavam apenas de acordo com a vontade do autor (vê se eles ajudaram a desmascarar Renato). E embora Mercedão sempre rezasse para santos, a luta dela contra Zé Victor (Rafael Losso) nos fazem desconfiar que a fonte de poder dela está mais ligada a quadrinhos da Marvel que mediunidade.

#16. Mulheres estéreis
Como era pra ser: Lívia não consegue ter filhos, embora sustenta o sonho de ser mãe. A novela poderia mostrar como é a vida de uma pessoa assim, e as dificuldades que enfrenta.
Como foi mostrado: Lívia roubou o filho de Clara, não foi punida e ainda na reta final teve uma gravidez milagrosa por intervenção divina (também conhecido como Walcyr Carrasco).

#17. Nanismofobia
Como era pra ser: Sophia é uma mulher má que rejeita a própria filha Estela por ela ser anã. Quais são as dificuldades de uma pessoa com nanismo?
Como foi mostrado: após passar 10 anos esperando Sophia lhe construir um banheiro adaptado, a personagem foi esquecida num churrasco.

#18. Ninfomania
Como era pra ser: Lívia é uma mulher voraz, sempre querendo sexo. Quais são os problemas que uma pessoa assim encara? Como a sociedade a aceita?
Como foi mostrado: esse lado de Lívia sempre foi motivo de piada de Gael. E, depois de alguns capítulos, a ninfomania dela foi esquecida ao lado da anã Estela.

#19. Pedofilia
Como era pra ser: um dos piores crimes que a humanidade já criou, a novela teve a chance de abordar o tema e falar do padrasto Vinícius (Flávio Tolezani) que se envolveu com a pobre menina Laura (Bella Piero).
Como foi mostrado: o coaching ofuscou completamente a discussão sobre pedofilia.

#20. Questão dos Quilombolas
Como era pra ser: enquanto alguns candidatos imbecis em pleno 2018 têm uma visão atrasada sobre como funciona um quilombo, a novela teve a chance de mostrar o outro lado.
Como foi mostrado: o quilombo foi mostrado apenas como um lugar de grande misticismo.

#21. Racismo
Como era pra ser: Nádia tratou mal desde sempre Raquel (Erika Januza) por ela ser negra, e falava absurdos durante os jantares sempre acompanhados da explicação “eu não sou racista”. A novela teve a chance de mostrar como o racismo infelizmente faz parte do Brasil atual.
Como foi mostrado: Nádia foi curada do racismo ao ter um neto negro. E fez um discurso no casamento do filho com a Raquel falando que era preconceituosa, mas que foi curada pelo nascimento do neto negro.

#22. Rejeição de Filho
Como era pra ser: Tomaz não aceita Clara, e se recusa a chamá-la de mãe. Como uma mãe biológica poderia reconquistar o amor de seu filho perdido?
Como foi mostrado: Tomaz é tão chato que a gente tava até torcendo pelo sequestro do moleque.

#23. Submissão total de mulheres
Como era pra ser: Aura (Tainá Müller) sofria uma completa submissão em seu relacionamento com o agressor Gael, e poderíamos ver ela dando a volta por cima e se empoderando.
Como foi mostrado: além de ser feita de otária por Gael em todas as oportunidades possíveis, a personagem se submeteu à Sophia no pior plano de roubo das esmeraldas de Clara.

#24. Transexualidade
Como era pra ser: Desirée (Priscilla Assum) escondia um grande segredo na novela, ela era um homem no passado!
Como foi mostrado: o autor esqueceu que a própria personagem tinha cogitado reconstruir o hímem, aí ele deu pra trás e abandonou a trama.

#25. Transplantes de pessoas com morte cerebral
Como era pra ser: em meio ao arco do Um Rim Para Adriana, Elizabeth foi até a casa de uma família cujo filho havia falecido de morte cerebral para tentar um transplante para sua filha.
Como foi mostrado: Elizabeth foi na casa da família fazer campanha social chata e perdeu a chance do transplante.

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