Acredite se quiser, mas o novo "Zorra" realmente faz você rir
Se tem um programa que sofre o estigma do humor pastelão e de má qualidade, esse programa é o finado “Zorra Total”. Quando você queria dizer que alguém fez uma piada muito da sem graça era só falar “puts, essa piada podia ir pro Zorra”. O programa, que estreou lá nos idos de 1999 ficou famoso por conta de seu humor bastante pautado em bordões. Por uma época isso fez sucesso e muita tia sua falava “olha a facaaaaaa” quando ia cortar um bolo em uma festa de aniversário de alguém da família. Mas depois ficou bem complicado achar graça no programa que trazia o metrô do Zorra com a Valéria Bandida & outros personagens (sei que tem gente que achava graça, gosto é gosto, etc).
Que fique bem claro que não odiamos humor de bordão e nem achamos horrorosos aquele humor mais antigo tipo “A Praça é Nossa” e “Escolinha”. A participação do Carlos Alberto no “Tá No Ar” e o remake da “Escolinha” provam que humor, se bem feito, não envelhece.
Acontece que a Globo passou por uma grande reformulação em seu humor e fomos brindados com atrações bem boas como é o caso do “Tá No Ar”, que a gente aqui na redação é super fã (o Fábio até fez um resumão de um dos quadros da semana passada), e com o novo “Zorra”. Embora boa parte do elenco tenha permanecido o mesmo, desde o ano passado as esquetes do programa mudaram bastante e já não são mais pautadas em humor com minorias e nem em bordões questionáveis. Confesso que da temporada passada assisti pouco, até porque o programa é no sábado e o SBT trouxe na época bons realities culinários que, quando eu ficava em casa, eu preferi acompanhar. Mas no último sábado estreou a nova temporada do “Zorra” e apesar de eu não estar em casa, resolvi assistir ontem no Globo Play e tive uma agradável surpresa.
O “Zorra” mudou muito. E além de mudar muito, começou a fazer um humor mais crítico. E além de fazer um humor mais crítico, ficou engraçado. O programa botou o dedo na ferida em alguns momentos, fazendo piada com política, ministérios e sucessão presidencial; mas também fez humor com religião e com coisas triviais do cotidiano como ir a cartórios ou cuidar de um bebê. Morri de rir em certas esquetes, como a que a Dani Calabresa interpreta uma senhora que pede pro funcionário do cartório trazer papéis em mil vias pra receber o dinheiro dela e em uma outra que o anjo Gabriel pede para Maria ser a mãe do filho de Deus, mas ela não pode porque está um pouco ocupada demais em seu trabalho no mundo corporativo e tem que entrar em uma escala caso queira engravidar.
Rola uma boa sacada com a situação política do Brasil quando um assaltante faz uma pessoa de refém e pra largar a moça ele pede um ministério, ou em uma outra esquete quando na linha de sucessão presidencial eles não acham ninguém que não seja corrupto e acabam chegando em um porteiro que também acaba não passando no teste.
Os atores vão muito bem, destaque pra Dani Calabresa (muito boa desde os tempos de MTV), Débora Lamm, George Sauma (que também faz um ótimo trabalho em “Mr. Brau”) e Welder Rodrigues. A velha guarda do Zorra, formada por Fabiana Karla, Rodrigo Sant’anna e Nelson Freitas também não faz feio. Luiz Miranda também teve seus momentos nas esquetes rápidas do palestrante que só quer ganhar dinheiro, mas alguns outros quadros se destacaram mais.
A grande novidade é que a nova temporada do “Zorra” estreou muito bem e trouxe um frescor naquele humor que já tinha cara de requentado. Bom pra Globo e bom pra gente, que agora pode deixar de preconceito e assistir ao “Zorra” naqueles sábados que não saímos de casa. A novidade é que agora o programa garante boas risadas.
E o Novo Zorra segue o estilo do Tá no Ar até no tempo curto do programa já que começou 22h00 e acabou 22h40 e o Altas Horas deixou de fazer jus ao nome há tempos já que agora começa cedo
Eu gostava do Zorra antigo quando criança (quadros como a Ofélia, o Sr. Saraiva, aquela que ia beijar muuuuuuuuuuuuuuuuito, a gênia atrapalhada, etc). Acho que lá pra 2005 eles começaram a apelar quando o Patrick e o Jajá e Juju fizeram MUITO sucesso. Passaram a extrapolar nas piadas infames, na repetição exaustiva de situações em que a graça era pra ser encontrada nos bordões, no humor depreciativo e no excesso de anos em que aquilo não mudava. A Lady Kate e o Juninho Pay devem ter ficado no ar sem uma única mudança por uns 6 anos.
Dani Calabresa é ótima interpretando velhinhas! Me senti vingado com essa esquete do cartório hahaha.