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A websérie sobre Camila e Henrique de “Malhação” trata o HIV como a novela deveria tratar

Se vocês nos acompanham desde a época do finado TVpraVC, vocês sabem que sempre fomos bem críticos com o jeito que a atual temporada de “Malhação” trata a questão do HIV na trama. Logo que o assunto começou a ser abordado, com aquela sequência ridícula em que Luciana (Marina Moschen) toma um encontrão de Henrique (Thales Cavalcanti) e fica preocupadíssima com o fato de ter contraído HIV, o Fábio escreveu um texto (que ficaríamos felizes em linkar se o site não tivesse sumido) dizendo o quanto a cena foi irresponsável e ridícula.

Na época que essa cena foi ao ar rolaram vários protestos, incluindo textão da mãe do Cazuza que, com razão, reclamou bastante do jeito que a novela escolheu pra mostrar os perigos da contaminação por HIV. A coisa pegou beeem mal, “Malhação” tentou se redimir do climão fazendo a médica de Luciana dar um discurso sobre o fato dela na verdade não precisar ter tomado o coquetel, mas ela ter prescrevido porque os pais da menina estavam muito nervosos e etc.

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Daí pra frente, notou-se um esforço da novela em tratar o assunto com mais responsabilidade, quando Camila (Manuela Llerena) resolveu assumir de verdade seu namoro com Henrique para a família, que pela desinformação e preconceito, não aceitou o namoro da filha e resolveu tirá-la do colégio pra que a menina ficasse beeem longe do namorado. E foi aí que a coisa degringolou de novo. Quando a gente achou que finalmente eles iam tratar o assunto de um jeito responsável, Camila resolveu que era uma boa processar os pais pelo preconceito, com direito a sair de casa e pagar advogado pra entrar com a ação contra eles.

O que se viu foi de novo um show de desinformação, já que a novela tratava os pais da menina como grandes vilões e esqueceu de tratar melhor sobre o assunto do HIV pra focar em uma briga de família. Vale lembrar que, principalmente nesses casos, preconceito vem muito de falta de informação (embora seja inadmissível sempre), então talvez fosse melhor mostrar os pais da Camila como pessoas no começo intransigentes, mas depois dispostas a aprender. Ensinar detalhes da doença para os pais da menina também seria um jeito de dar mais informações para os telespectadores, que até agora não viram na novela uma boa abordagem sobre o caso.

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Dito isso, pra vocês não acharem que esse site é apenas um espaço de reclamação, temos que dizer que a Globo acabou fazendo um spin-off da história de Camila e Henrique na internet, a websérie “Eu só quero amar“. A série por enquanto conta com dois capítulos, que só consegui assistir ontem. Confesso que fui ver com uma certa desconfiança, porque pelo jeito que a novela tratou o assunto, as esperanças não eram muitas. Entretanto, a surpresa foi boa: a websérie realmente explica sobre assunto (mesmo que às vezes caia num tom um pouco professoral) e mais informa do que confunde, ao contrário da novela.

No final do segundo episódio, inclusive, tem um depoimento de um casal sorodiferente que conta sua experiência real com o assunto, o que é beem legal. A dúvida que fica é: se na websérie eles tratam o assunto direitinho, porque na novela, que é o que a maior parte do público assiste, é diferente? Por que não ter pesquisado a fundo tudo desde o começo pra tratar o assunto com propriedade? É bem ruim que a boa informação só esteja na internet (onde pouca gente vê), e na TV a gente tenha uma ou outra boa abordagem em meio a um show de desinformação. HIV, principalmente entre os jovens, é um assunto sério demais pra ser tratado com pouca seriedade. Pelo menos, a websérie tenta reverter esses erros. Uma pena, de verdade, que na novela não tenha sido assim desde o começo.

Larissa Martins

Fala muita bobagem, escreve sobre quase qualquer coisa e sabe tudo sobre a temporada da vagabanda de malhação.

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