5 razões que fazem de “A Força do Querer” uma novela de sucesso

Se você tem acompanhado o noticiário de televisão, ou pelo menos dá uma olhadinha com bastante frequência aqui no Coisas de TV, você sabe que “A Força do Querer” está bombando na audiência. Na última segunda-feira (22), o sucesso foi tanto que a trama escrita por Glória Perez chegou aos 36,4 pontos de audiência em São Paulo. No Rio de Janeiro, a novela bateu a marca dos 40 pontos. Audiência alta assim não é vista na faixa das nove desde “Amor à Vida”, pra vocês terem uma ideia. Pensando no sucesso da novela, reunimos aqui cinco razões que fazem de “A Força do Querer” uma novela de sucesso:

1. É uma novela com cara de novela:

Inovação é bom e todo mundo gosta. Tome como exemplo “Avenida Brasil” que fez tanto sucesso que ainda hoje deu conta de aumentar a audiência do “Video Show” quando foi exibida no “Novelão”. Porém, inovação quando não é bem feita acaba tendo o caminho inverso. Tomem como exemplo “Babilônia” e “A Regra do Jogo”, novelas que prometiam ser ágeis, lotadas de filtro amarelo e que acabaram sendo um fracasso. “Velho Chico” e “A Lei do Amor” também começaram cheias de expectativa, mas acabaram por não agradar o público. “A Força do Querer”, por sua vez, parece ser a novela certa na hora certa. É leve, tem cara de novela, tem humor, tem romance e faz com que a gente queira continuar assistindo. A trama de Glorinha vem ao encontro daquilo que o público queria: uma novela que diverte e entretém.

2. Os assuntos espinhosos são tratados com delicadeza:

Tratar de temas delicados como por exemplo o preconceito contra gays e travestis ou a transsexualidade é um desafio grande em uma novela. Tanto porque o merchan social pode acabar caindo em um tom professoral, quanto porque erros crassos podem acontecer no meio do caminho (vejam o desastre que foi quando “Malhação” resolveu falar de AIDS, por exemplo). Apesar do risco, “A Força do Querer” lida muito bem com essas questões. Ivana (Carol Duarte) é uma personagem carismática e a história da transsexualidade é tratada tão bem que não tem como não sentir empatia pela personagem. Outra parte importante da trama é o contraponto com Nonato (Silvero Pereira) que consegue mostrar as diferenças entre ser trans e ser travesti e os diferentes preconceitos/dificuldades que essas pessoas sofrem no dia-a-dia. Tudo sem cair no didatismo e feito com muito cuidado.

3. As protagonistas são interessantes:

Embora bastante diferentes entre si, as três protagonistas da trama: Jeiza (Paolla Oliveira), Ritinha (Isis Valverde) e Bibi (Juliana Paes) são muito interessantes e despertam a empatia do público. Jeiza é uma policial que não leva desaforo pra casa, mas que ainda assim se apaixona e tem suas fragilidades; Ritinha é uma mocinha que não é exatamente uma mocinha, já que pra conseguir tudo o que quer é capaz de enganar, de ser sonsa, de não se preocupar com os outros, o que a torna um personagem cheio de dualidades e, também por isso, mais real e por fim, Bibi é uma mulher fortíssima que verá sua vida virar de cabeça pra baixo depois de descobrir que seu marido, Rubinho (Emílio Dantas) é bandido. A história das três encanta, nos deixa curiosos e foge também um pouco do clichê clássico da novela que traz um casal que é separado por uma vilã etc etc. Os conflitos com que as três personagens tem que lidar são formados pela própria vida e não por uma pessoa má que só quer atrapalhar a vida da mocinha frágil. Aliás, essa é uma diferença bastante importante de “A Força do Querer”: nenhuma protagonista é frágil nem tonta.

4. Tem humor:

A novela das nove não traz um núcleo dona Jura como em “O Clone” e nem apela para bordões mil (que a gente ama, uso alguns deles até hoje), mas ainda assim é engraçada. O humor é mais sutil, aparece na parte da trama que se passa em Niterói, nas brigas de Abel (Tonico Pereira) com a mãe de Ritinha, no vício de Silvana (Lília Cabral) por jogo, que acaba criando situações no mínimo inusitadas e etc. A novela é divertida de assistir e tem alívios cômicos mesmo em histórias mais pesadas, como é o caso do vício de Silvana pelo jogo, por exemplo.

5. Tem mistério:

A gente sempre fica curioso pra saber o que vai acontecer com os personagens. Embora certas coisas já sejam esperadas (Rubinho na cadeia, por exemplo), fica sempre a dúvida de como a história vai se desenrolar. O que será exatamente que Irene (Débora Falabella) quer com Eugênio (Dan Stulbach)? Quando será que Ruy (Fiuk) vai descobrir que não é pai do filho de Ritinha? Como Bibi vai se tornar rainha do tráfico? Quando Ivana finalmente perceberá que não se adapta em seu próprio corpo e como Joyce lidará com isso? São todas questões que fazem com que a gente sinta vontade de continuar acompanhando a trama que, convenhamos, é bem gostosa de ver.

A verdade é que Glorinha amadureceu muito desde “Salve Jorge” e “A Força do Querer” é a prova de que a autora consegue se reinventar fazendo uma novela sem bordões ou outras culturas, inteira passada no Brasil e, ainda assim, muito legal de ver. O sucesso, por enquanto, é mais que merecido.