OBITEL 2016 – Mesa de Campanhas Sociais tem Emanuel Jacobina explicando caso da AIDS em Malhação
Como as famílias que dominam as grandes mídias de comunicação não convidam o Coisas de TV para lançamentos de séries, novelas ou mesmo uma pizza na casa do Faustão, resta a gente se convidar para o que pode e conseguir uma pautinha. Assim, fui escolhido para representar o site durante o OBITEL 2016, o Observatório Ibero-Americano de Pesquisa Televisiva que acontece anualmente lá na USP e é responsável por promover a formação de pesquisadores, produtores, criadores e afins da área televisiva, sempre publicando um valioso anuário com os novos estudos.
Esse ano o rol de convidados estava impecável, com direito a bambambans da academia de teledramaturgia brasileira, como a professora Maria Immacolata (do Centro de Estudos de Telenovela da USP) e o professor Gillermo Orozco, e muita gente da Globo como foi o caso de Beatriz Azeredo (a diretora de Responsabilidade Social da Globo) e os autores Rosabe Svartman, Emanuel Jacobina e o mito Walcyr Carrasco.
Com uma programação de peso, obviamente fiz questão de madrugar e garantir um lugar na primeira fileira, certo? ERRADO, porque mesmo sendo aluno daquela universidade há anos, consegui a proeza de acordar tarde e me perder a caminho do gigantesco auditório da biblioteca Brasiliana. A primeira mesa de discussão do dia foi “A Mobilização Por Meio da Ficção”, e obviamente contou com dois especialistas na arte de fazer campanhas sociais bem. Sim, Rosane Svartman (de “Malhação Sonhos”, “Malhação da Fatinha” e “Totalmente Demais”) e Emanuel Jacobina (da atual fase da novela).
Sim, assim como você leitor mais atento eu dei uma franzida na testa quando vi Jacobina falando num papo sobre campanhas sociais, até porque todos nós nos lembramos do desastre que foi “Malhação – Seu Lugar no Mundo” falando sobre AIDS. Para você que por uma sorte divina não viu, havia um personagem que nasceu com o vírus e num belo dia deu uma testada numa outra personagem durante a prática de um esporte. Com medo, os médicos decidem fazer a menina tomar coquetel pós-exposição porque obviamente uma testada é capaz de transmitir (só que não).
E vocês acreditam que o Jacobina falou sobre o assunto? E a posição dele me fez até dar os parabéns a ele, porque o autor simplesmente DISSE QUE ERROU. Alguma vez vocês já viram algum autor da Globo assumir erros? Poucos, né? Normalmente jogam a culpa pra gente, igual um certo autor aí que disse que o público que não tinha entendido o humor de sua novela. Enfim, Jacobina contou que foi um pouquinho displicente com o tema da AIDS porque já havia tratado do assunto em 1999/2000 (quando a Érica descobriu que era soropositiva, lembra?). Depois das críticas e das orientações, ele percebeu que havia ignorado a mudança do tempo, pois 16 anos depois as condições das pessoas soropositivas é muito diferente do que era na época do Múltipla Escolha.
Rosane Svartman também aproveitou para falar que é muito complicado tratar desses assunto até por falta de tempo. Que quando fez a “Malhação da Fatinha” (desculpa, esse é o nome da temporada pra mim) ela tentou conversar com adolescentes junto com seus colaboradores, mas com a novela no ar isso se tornou inviável.
Ainda sobre campanhas sociais, vale destacar que todo mundo que participou do OBITEL recebeu um panfleto muito legal feito pela Globo com a lista das campanhas sociais que eles fizeram desde sempre e que foram muito bem sucedidas. Eu achei o material muito interessante, mas tem um autor aí que deve ter se incomodado…
…afinal as 26 campanhas sociais que não deram certo de “Amor à Vida” nem foram citadas no folder!
Eu me incomodo com merchans sociais quando elas são enfiadas na trama em cenas panfletárias e completamente desconectadas do resto da novela, mas se for bem feito, não vejo problema. É pra glorificar de pé um autor confessar que errou quando todos estão muito ocupados culpando o público, o horário de verão, o impeachment ou a peruca acaju. Realmente admirável a atitude do Jacobina. Falando nele, o que vocês têm achado dessa nova temporada dele, hein?
Que sensacional… pena que você não conseguiu ver o Reicyr :/
Se eu soubesse que poderia vê-lo, madrugaria na USP com uma torta prontinha pra jogar na cara dele
amei o panfleto das ações sociais, apesar de eu ter achado algumas ali citadas bem “blergh”… Mulheres Apaixonadas também deve ter tido umas 26 campanhas sociais, e todas deram certo.