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“Brasil a Bordo” é uma pérola tratada com descaso pela Globo

Aguinaldo Silva deu uma declaração polêmica e sem qualquer autocrítica esses dias dizendo que iria apostar em seriados, nem que tivesse de abrir sua própria produtora. Todos os posts dos seus amigos nas redes sociais já indicavam que o brasileiro tomou gosto por seriados, mas apenas os americanos. Os brasileiros até tentam, mas falta nos nossos seriados a famosa pimentinha tipicamente brasileira, um roteiro atraente entre outras coisas. O resultado acaba sendo um autor com pretensão de criar um novo “Breaking Bad”, mas fazendo “Lara com Z”.

Miguel Falabella, por outro lado, parece ser o mestre dos seriados brasileiros. Todas as suas séries (ao contrário de suas novelas), acabaram sendo sucesso de público e crítica, e se tratavam de um retrato da sociedade brasileira da época com seus personagens caricatos e situações absurdas. Quando fiquei sabendo que o autor começara a escrever “Brasil a Bordo”, fiquei com medo de ser apenas uma comédia rasa de situações com sucessão de esquetes, mas por sorte me enganei.

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A nova série de Miguel Falabella é uma pérola em meio a muita tranqueira superprodução que a Globo vem produzindo tentando laçar à força os fãs de seriados americanos. A premissa é bem simples: a Piorá é uma empresa aérea prestes a falir, mas um juiz autoriza que a empresa continue passando o poder a um conselho de funcionários. Assim, a embotocada Berna (Arlete Sales) e seu marido esbanjador Otávio (Luis Gustavo) precisam fazer as mais insalubres viagens para pagar as dívidas da empresa. Por sorte os funcionários da empresa são basicamente sua família, os pilotos são os cunhados Valdeco (Miguel Falabella) e o viciado em bonecas infláveis Durval (Marcos ‘Leleco’ Caruso… porque pra gente ele sempre será o Leleco).

A estrutura de “Brasil à Bordo” é idêntica à de “Pé na Cova”, ou seja, basicamente vemos uma baciada de personagens com personalidades muito fortes rodeando o Miguel Falabella. Inclusive, a maravilhosa Babá (Niana Machado) de “Pé na Cova” retorna como parte do elenco fixo fazendo o que sabe fazer de melhor: gritando “piranha” nos momentos mais inapropriados. Falta até espaço para falar de tantos destaques, como Maria Eduarda de Carvalho interpretando uma cleptomaníaca apaixonada ou a maravilhosa Stella Miranda (a Dona Álvara) como uma comissária viciada em postar nas redes sociais e com muito fogo na bacurinha. A Arlete Sales também está magnífica e tirou completamente a Copélia de seu corpo: agora a piada recorrente é com seu excesso de plástica e falta de percepção num mundo que não é mais o mesmo de antigamente.

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“Mas Fábio, como é que você está julgando essa série sendo que ela não estreou ainda na Globo?”

Infelizmente não sou insider da Rede Globo, acontece que a emissora decidiu colocar toda a primeira temporada da série disponível no GloboPlay. Já tem um tempo que a Globo tem tentado alavancar seu serviço de vídeos como se fosse o novo Netflix (lembram que “Supermax” foi colocada quase inteira antes de ir ao ar?), mas o caso de “Brasil a Bordo” é um pouco diferente do reality show num presídio da Amazônia. Enquanto no outro caso a série de terror estreou na internet pouco antes de ir à TV, “Brasil a Bordo” não tem a menor previsão de estreia. Fica a impressão que a Globo apenas gravou tudo antes pra dar aquela economizada e, como não tinha espaço da grade, inventou de colocar na Internet pagando de modernona.

“Brasil a Bordo” nos faz perguntar os critérios da Globo de fazer uma grade. Enquanto aqui temos um autor que já veio de uma audiência excelente com seu trabalho anterior (“Pé na Cova” dava MUITA audiência e era um dos textos mais inspirados do Falabella), e que não conseguiu espaço com um seriado claramente gostoso, temos umas tranqueiras aí que dizem ser de humor mas que não arrancam nem um sorriso amarelo.

Se você leitor tiver a possibilidade, dê uma chance para “Brasil a Bordo”. É uma série brasileira que te fará fazer algo que as séries de humor daqui andam com dificuldade: dar risada.

Fábio Garcia

Eu só faço a contabilidade

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20 Resultados

  1. Tai disse:

    Podia era tirar aquela bosta de Vade retro achei graça nenhuma.

  2. tulla luana disse:

    Amo demais os programas do Miguel (menos Sexo e as Negas) ainda que bastante datados. Infelizmente não tenho globoplay, então esperarei lançar na TV.
    Fico impressionada em como muitos atores que ele escolhe, consegue em nada parecer com das suas produções anteriores, principalmente a Stella.
    Estou torcendo pela série, mas me parece que ela tem vida curta, em números de temporadas.

  3. Lero disse:

    Explicação para isto tem nome e sobrenome: GUEL ARRAES
    Ele comanda o departamento de séries da Globo e tal qual seus parentes pernambucanos, Guelzinho coroneliza o departamento na platinada, colocando os projetos de seus parças como prioridade e deixando pérolas como a série de Miguel Falabella pra escanteio. Por isso a desgastada Mister Brau já tem quinhentas outras temporadas garantidas, Chapa Quente ganhou trocentas chances de emplacar até sumir de vez e as dos pobres mortais tiveram que aguardar no Globo Play, caso de Carcereiros (usaram a desculpa esfarrapada da rebelião no presídio pra adiar a série) e Brasil a Bordo (usaram a desculpa esfarrapada do acidente aéreo com a Chapecoense para adiar a série). Tanto é que Miguelito ameaçou sair da Globo por conta dessa palha-assada, só ficou pq se entendeu com o Schroeder, mas claro que Guelzinho ia dar um jeito de sacaneá-lo novamente. Nós, ralé que não temos tutu pra pagar Globo Play, vamos ter que esperar um ato de boa vontade desse ser para vermos a nova e genial série do Falabella.
    O engraçado é que pra se defender, ele cita a série Supermax como um dos projetos que não são de queridinhos dele e emplacaram, mas a série estreou antes no Globo Play, exibiram tarde da noite e foi um fracasso, nem vai ter segunda temporada.

  4. Um Noveleiro disse:

    Me julguem, mas eu amava Pé na Cova, hahahahahhhaahaha

    • Andrew disse:

      Ninguém te julga pq era maravilhosa,mas quem não assistia e só vias as chamadas devia pensar q era uma tranqueira por causa do visual dos personagens

  5. danilo andrade disse:

    não possuo globoplay, mas espero que essa série seja melhor que pé na cova no qual larguei na primeira temporada por achar os personagens burros demais (não que não tenha gente assim na vida real)

  6. Chris Freires disse:

    Como assim não tem previsão? já estava sendo até anunciada na programação,vai entender a Rede Globo …

  7. Rafaela disse:

    Na verdade a série do Falabella estava prevista para ir ao ar nas quintas no mesmo período em que passou Amor & Sexo. Aí aconteceu a tragédia da Chapecoense, e a Globo achou de mau gosto colocar uma série que se passa dentro de um avião. Resolveu dar um tempo. Tanto que Amor & Sexo, que estava prevista para os sábados à noite, como no ano anterior, foi remanejada para quinta, e o sábado ficou sem nada para cobrir as férias do Zorra, tanto que o Altas Horas estava entrando depois da novela.

  8. Enigman disse:

    Tenho que concordar com o colega que comentou antes de mim dizendo que Pé na Cova era ruim. Mirava na comédia mórbida e acertava na tosquice.
    E o Globo Play é Muitomuitomuito RUIM. O player web é bugado e o aplicativo trava. Eu tentei assistir as apresentações das personagens da Malhação por lá e demorou um tempão, mesmo com a internet perfeita.

    • Andrew disse:

      Na verdade a tosquice de Pé na cova era intencional, todos os personagens eram toscos só não entendo como alguém não sacou isso

  9. Rafa disse:

    Qualquer coisa samba naquela porcaria de Mister Brau, seria uma ótima botar quando a temporada acabar

  10. fabiano disse:

    Pé na Cova era horrível. Queria ser non sense com humor negro inteligentão mas era no máximo tosca.

  11. Zuleide disse:

    Tomara que hite na exibição na TV, provavelmente logo depois da novela das 9. Porque a Globo faz questão de não atrasar o Jornal da Globo. Perceberam que nunca mais teve trinca de séries a noite? Reprise de Gonzaga tirada do éter não conta. Saudades da trinca A Grande Família / Como Aproveitar o Fim do Mundo / Suburbia.

    • pagu disse:

      A grande familia era quinta, como aproveitar o fim do mundo sexta e suburbia terça, miga sua loka que vc tomou!!!!

      • Marcio disse:

        O que talvez ela quis dizer uma trinca semanal, onde quase cada dia da semana tinha séries deliciosas pra assistir, sem precisar fazer maratona kkkkkk!!!!!!!!!!

        • Luís Felipe disse:

          Nada a ver, ele tá certo, A Grande Família, Como Aproveitar o Fim do Mundo e Subúrbia eram exibidas uma atrás da outra na quinta feira, depois de Salve Jorge. Eu lembro que tinha dias que terminava quase uma hora da manhã!

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