Autora de fracasso aposta em nostalgia e aquecimento global

José disse:

Não fique bravo comigo, Biel, mas cê tem mau gosto pra cacete hein? Mas pelo menos admite HAHAHA não que seja um problema, eu tb sou fã do Walcyr e sempre sou criticado por isso. Mas vamos aos fatos:

eu amo Sangue Bom e Cheias de Charme, foram as duas melhores novelas das 19h (junto com Totalmente Demais) dessa década. E eu simplesmente não gosto de Ti Ti Ti. O problema do remake é que só se salvava, pra mim, a Jaqueline e a trama da Marcela, que era novela das 19h mesmo, comédia romântica com drama, mocinha, vilã… o Murilo Benício e o Alexandre Borges eram caricatos e aquela palhaçada de estilista brigando por modelos a novela inteira foi um pé no saco.

Não vejo que a vantagem de Cheias de Charme sobre Geração Brasil seja internet ou abordagem do mundo da música. Não é questão de enredo, de elenco, de direção, de época, de nada, é uma coisa bem simples: Cheias de Charme tinha personagens legais, Geração Brasil não. Não tem muito mais que isso… a Penha era uma composição perfeita da Taís Araújo, típica mãe de família pobre guerreira sofrida mas que não perde o bom humor, a Isabelle Drummond e o Humberto Carrão têm química e apelo junto ao público teen, a Cláudia Abreu se reinventou na Chayene, o exagero e caricatura do Ricardo Tozzi no Fabian eram uma delícia, a novela era cheia de referências, metalinguagem, participação de famosos, eram traminhas simples de romance, clichês bem contados. Foi simplesmente uma novela feliz, como muitas. Agora Geração Brasil era pretensão e personagens chatos: o protagonista Jonas Marra era um bandido misterioso e sisudo, os sotaques americanos da Cláudia Abreu e da Isabelle Drummond eram forçados, o casal Manu e Davi era sem química nenhuma e muito forçado, a heroína da Chandelly Braz era uma antipatia só, o enredo era confuso, cheio de reviravoltas malucas, a trans do Luis Miranda era desconexa, o clone da Nazaré Tedesco não convenceu, a Aracy Balabanian, tão valorizada em Cheias de Charme, foi subaproveitada em Geração Brasil…

Agora quanto ao texto da Maria Adelaide Amaral e do Vincent Villari, eu simplesmente não acho que valha a pena discutir isso. Eu sei o que eu vejo, e definitivamente não são eles que têm texto ruim, muito pelo contrário.

Sangue Bom teve seus defeitos como excesso de personagens, principalmente jovens e desconhecidos, além da lentidão em desenvolver a trama central. Mas foi uma novela que cativou as pessoas, valorizou bons atores veteranos em tramas paralelas, permitiu à Sophie Charlotte provar sua evolução como atriz, teve o casal Giane e Fabinho como um dos mais deliciosos dos últimos tempos – Shirlipe é meu ovo -, o humor do Villari é um dos poucos realmente engraçados, porque bem, ele é jovem escrevendo pro público jovem, não é tiozão do pavê como a maioria dos autores. E sobre a trama “kibada” de Avenida Brasil: sério? A Maria Adelaide kibou Laços de Família e Selva de Pedra em A Lei do Amor, mas aquilo lá era só homenagem mesmo. Não era uma trama pra ser levada a sério, era a Ingrid Guimarães com o mesmo uniforme da Nina na mansão tendo delírios com as mesmas cenas – dizendo “me serve vadia” pra Bárbara Ellen. Enfim, apenas uma das muitas vezes em que a Globo não economizou em sutileza pra forçar a barra com Avenida Brasil.

Agora, vem cá, cê tem tanta raivinha por novelas que você considera cult que são queridas pelas pessoas – como Totalmente Demais, Rock Story e Sangue Bom – enquanto admite gostar de uma farofa, e eu me pergunto: pra que isso? Deixa as pessoas gostarem do que quiserem. Eu achei Rock Story um porre, concordo com você em número e grau sobre a babação de ovo em torno dessa novela, mas não vejo necessidade em forçar a barra como se a novela fosse um lixo tóxico e que farofão tipo Pega Pega seja mil vezes superior. Eu gosto de umas farofas as vezes, como Caras & Bocas, Pega Pega e Morde & Assopra, mas também gosto de novelas mais bem relacionadas com a crítica como Sangue Bom, e também novelas que ficam no meio-termo, como Cheias de Charme. É só questão de gosto pessoal, você fica bravo fácil demais.