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As inspirações de Walcyr Carrasco: um dossiê

Se você está ligadinho na novela das nove “O Outro Lado do Paraíso” e acompanha a imprensa especializada televisiva, você já deve ter ouvido falar de uma pequena polêmica que andou rondando a trama das nove nos últimos dias: a semelhança da saga de Clara (Bianca Bin) & sua fuga do hospício com a história de “O Conde de Montecristo”, clássico da literatura que já foi adaptado para o cinema alguma vezes e do qual, com certeza, você já ouviu falar.

O Maurício Stycer publicou ontem mesmo um texto bem completo falando sobre essas semelhanças. Outra acusação que rolou desde o começo da novela das nove foi a incrível semelhança entre a saga de Elizabeth-Duda (Glória Pires) com o filme “Madame X”.

Porém, toda vez que Walcyr Carrasco, o autor da trama, é colocado frente a frente com essas acusações, a defesa é simples: ele diz que gosta muito da obra literária, do filme ou da série da qual está sendo acusado de plagiar e diz que o que fez foi uma grande homenagem. Ontem mesmo, depois do texto do Stycer publicado, Carrasco foi no Instagram e explicou que é grande fã de “O Conde de Montecristo” e, por isso, quis homenagear a obra na história de Clara. Foi depois dessa declaração que a equipe do “Coisas de TV” começou a pensar: quantas vezes será que já não ouvimos que Walcyr Carrasco “se inspirou” em alguma obra para criar uma novela? Pensando nisso, contratamos estagiários para fazer todo o trabalho investigativo e montamos o Dossiê “Walcyr se Inspira” reunindo aqui todas as inspirações que o autor usou em suas novelas. Quer saber mais? Vem com a gente!

Xica da Silva (1996)

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“Xica da Silva” foi uma novela exibida lá nos idos de 1996 pela finada TV Manchete que fez com que Walcyr ficasse conhecido no país inteiro. Com um elenco maravilhoso, Taís Araújo brilhante no papel da princesa negra e Drica Moraes fazendo com que a gente sentisse ódio mortal da inescrupulosa vilã Violante, a novela foi um grande sucesso. Porém, além de grande sucesso a trama foi também a primeira vez em que Walcyr resolveu usar de uma “inspiração”, ou “prestar uma homenagem” – como o leitor preferir. A novela foi baseada em um romance chamado “Xica que Manda” escrito pelo autor Agripa Vasconscellos.

Fascinação (1998)

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Silvio Santos ficou bem pistola da cara quando descobriu que Walcyr Carrasco tinha escrito “Xica da Silva” para a Manchete e ainda fez um estrondoso sucesso. Por isso, ele mandou o autor se virar nos trinta e fazer uma novela às pressas pro SBT, já que ele era contratado da casa. A trama escolhida foi “Fascinação”, uma novela que mostrava uma história de amor entre um rapaz rico e uma menina pobre. Até aí nada de novo no mundo dos clichês, fora o fato de que Clara (Regiane Alves) não tem dinheiro para ir ao baile, o pai de Clara ajuda Clara a ir ao baile pintando o sapato dela com cal, lá ela encontra um rapaz rico com quem dança, seus sapatos sujam e ela com vergonha deixa os sapatos lá e, qualquer semelhança com a Cinderela não é mera coincidência, já que tem inclusive uma reportagem na Folha em que Walcyr diz que se inspirou em contos de fada clássicos para criar a trama.

O Cravo e a Rosa (2000)

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Uma das inspirações mais conhecidas do público, “O Cravo e a Rosa” foi baseada no famoso romance de Shakespeare “A Megera Domada” que contava justamente a históra de Petruccio e Catarina, nomes que o autor emprestou para os personagens principais da trama. Além disso, vale dizer que a trama também possui várias semelhanças com a novela “O Machão”, da emissora Tupi, também baseada em Shakespere. Alguns personagens de “O Cravo e a Rosa” não existiam em “A Megera Domada”, mas tinham lá suas semelhanças com a trama da Tupi.

A Padroeira (2001)

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A trama central da novela, o romance entre os personagens de Déborah Secco e Luigi Baricelli, foi inspirado em um livro de José de Alencar chamado “As Minas de Prata”. Esse romance, por sua vez, já tinha sido transformado em novela por Ivani Ribeiro, lá na época da TV Excelsior, mas na época quem viveu os personagens principais foram Regina Duarte e Fulvio Stefanini.

Chocolate com Pimenta (2003)

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Se você pensou que “Chocolate com Pimenta” ia passar imune à lista de novelas-inspiradas-em-alguma-outra-obra de Walcyr Carrasco, você se enganou amargamente. A trama foi inspirada na opereta “A Viúva Alegre” e na peça “A Visita da Velha Senhora”. Vale lembrar que a novela “Os Inocentes”, escrita por Ivani Ribeiro também foi inspirada na opereta “A Viúva Alegre”.

Alma Gêmea (2005)

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A “Inspiração” de “Alma Gêmea” já é mais polêmica porque rolou denúncia de plágio e tudo. Carlos de Andrade, o autor de um livro chamado “Chuva de Novembro” que foi publicado em 1997 jura de pés juntos que a novela é uma cópia literal da história do seu romance. Toda vez que a novela é reprisada volta esse bafafá, mas no fim nada nunca foi provado. Só que como acusação de plágio pouca é bobagem, uma outra autora chamada Shirley Costa, viu na novela várias semelhanças com seu livro “Rosácea” e chegou a entrar na justiça contra o autor. Shirley chegou a alegar que tinha como provar que Walcyr chegou a botar as mãos no livro dela e o processo rolou, mas no fim o autor foi absolvido.

Sete Pecados (2007)

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“Sete Pecados” também passou por algumas polêmicas que já saem do ramo de “se inspirou em” para supostas acusações de plágio. É que na ocasião que a novela foi ao ar, Letícia Dornelles (a autora do remake de “Amigas e Rivais” exibido em 2007 pelo SBT) teria ficado bem pistola ao ver que na novela de Walcyr tinham vários acontecimentos que lembravam demais sua novela, rolou até uma matéria do jornalista Daniel Castro na época contando o caso. À mesma coluna do jornalista, Walcyr se defendeu dizendo que nunca ligou a TV pra ver essa novela do SBT e, portanto, não podia ter plagiado coisa alguma. Depois da informação ter repercutido muito na imprensa, em 2010 a autora deu uma entrevista a um site de TV explicando que o jornalista agiu de má fé e foi irresponsável ao divulgar uma manchete maldosa.

Morde e Assopra (2011)

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Talvez a treta mais lembrada por quem curta saber dos bastidores das novelas, Walcyr foi acusado de plágio por Aguinaldo Silva, que disse que o amigo roubou uma ideia dele durante um jantar. O lance foi que Aguinaldo teria contado a Walcyr sobre a trama de Antenor (Caio Castro) o filho que estuda medicina e tinha vergonha de sua mãe Pereirão, o marido de aluguel (Lília Cabral). Acontece que Walcyr foi lá e criou a história do Klebber Toledo do mal que foi estudar medicina fora, gastou todo o dinheiro e ainda tinha vergonha de sua mãe Cássia Kis. A questão é que como “Morde e Assopra” entrou no ar antes, ficou parecendo que Aguinaldo era quem tinha copiado Walcyr. Aguinaldo Silva chegou a dar algumas entrevistas comentando o assunto e repreendendo o colega pela atitude. Os dois, ao que consta, não se bicam muito até hoje.

Outra “inspiração” parece ter rolado na história do robô zariguin, que na trama era amigo de Matheus Solano. É que coisa parecida aconteceu em “Transas e Caretas” de Lauro César Muniz que trazia o robô Alcides, muito amigo do personagem de José Wilker.

Gabriela (2012)

Bom, Gabriela é um remake, né, gente? Então nem vamos pegar no pé da inspiração porque ela só podia mesmo ser inspirada em outra.

Amor à Vida (2013)

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Mais uma vez rolou polêmica de plágio. Na época se achou que a trama do casal Nico (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Anthony) era muito parecida com a trama de dois personagens da série “The Normal”. Mas, não para por aí. Como a trama se passava em hospital e coisa e tal, a novela foi acusada várias vezes de copiar “Grey’s Anatomy”, coisa que Walcyr seguiu negando até o fim.

Verdades Secretas (2015)

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Assim que a sinopse de “Verdades Secretas” apareceu, saiu na coluna do Léo Dias que havia um boato que a trama central de Carolina (Drica Moraes) teria sido “inspirada” em uma série americana chamada “Mildred Pierce” em que a personagem vivida por Kate Winslet tinha uma trajetória bem parecida com a de Carolina, inclusive sendo traída pelo marido com a própria filha.

Êta Mundo Bom (2016)

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A trama foi inspirada em um filme de Mazzaropi cujos direitos foram comprados pela Globo, já que a trama do personagem principal Candinho (Sérgio Guizé) era de fato extremamente parecida com a do personagem de Mazzaropi. Nesse caso, Walcyr Carrasco falou abertamente que se inspirou na obra de Mazzaropi para criar o personagem, o burro que vivia sempre com personagem e o mantra que o personagem repetiu a trama toda em que tudo que acontece de ruim é pra melhorar. Segundo nos informou o Maurício Stycer, a Globo também comprou os direitos de “O Comprador de Fazendas” de Monteiro Lobato já que a trama de Klebber Toledo foi “inspirada” nessa história.

O Outro Lado do Paraíso (2017)

Como já dissemos, a trama de Clara é inspirada em “O Conde de Montecristo” e a história de Duda (Gloria Pires) lembra muito o filme “Madame X”.

Se a gente se incomoda com as “inspirações”? Bom, desde que continue tendo gente caindo no chiqueiro e humor de carro desgovernado nas novelas, a gente jura que não liga.

Ps. Os nossos agradecimentos a Nilson Xavier e Maurício Stycer que nos ajudaram  a complementar o post com várias novas infos :)))

Larissa Martins

Fala muita bobagem, escreve sobre quase qualquer coisa e sabe tudo sobre a temporada da vagabanda de malhação.

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23 Resultados

  1. Ricardo Becker Maçaneiro disse:

    Os Inocentes”, escrita por Ivani Ribeiro não foi inspirada na opereta “A Viúva Alegre” e sim em “A visita da Velha Senhora”.

  2. Daniel Gonçalves disse:

    Olha, não sou hipócrita. Aqui, no conforto do meu teclado, ficar fazendo insinuações que denigrem o talento do Walcyr por ele se apoiar
    em referências a obras famosas desde o dia um não é apenas hipócrita, chega a ser cruel e mesquinho. Todas as inúmeras referências (inúmeras porque tô com preguiça de contar, XD) do Walcyr Carrasco eu relevei porque, com mais ou menos qualidade, estavam bem inseridas no contexto e estavam suficientemente bem adaptadas a realidade de suas histórias. Mas nada disso acontece em “O outro lado do paraíso”: É Ctrl C + Ctrl V de fatos e ações de “O Conde de Monte Cristo” sem qualquer sutileza. Só uma canalha, vendida e baba ovo como a Patrícia Kogut para vender toda essa polêmica como se fosse uma bobagem qualquer.

    Leiam o texto do Maurício Stycer sobre o assunto. Eu assino embaixo.

    PS: Faltou Cyrano de Bergerac na trama paralela de “O Cravo e a Rosa”. Ela envolve os personagens de Angelo Antonio (Professor Edmundo), Leandra Leal (Bianca) e Rodrigo Faro (Heitor).

  3. douglas disse:

    Normal, ele nunca escondeu isso e não existe novela 100% original. Aliás, não existe nada na teledramaturgia que não tenha sido feito antes. Tudo veio de livros e/ou peças. Seria burrice apontar que “história x” foi tirada de “história y” porque a segunda provavelmente foi tirada de outra lugar.

    Também poderíamos dizer que o Walcyr usa e abusa de ideias repetidas, mas sempre funciona. Glória idem.

  4. Antônio Pedro de Souza disse:

    Gosto demais das novelas do Walcyr. Gostaria de lembrar de uma passagem em “Chocolate com Pimenta”, inspirada em “A Odisseia”: quando a mocinha vivida por Samara Felipo é obrigada a se casar com o Conde, vivido por Cláudio Correa e Castro, o padre e Ana Francisca a incentivam a usar a história da “colcha”, no caso da novela, uma “toalha para o altar da igreja”: ela só poderia se deitar com o marido após terminar de costurar a tal toalha, que é costurada durante o dia e desfeita à noite… adiando assim o momento de consumar o indesejado casamento…

  5. SKY disse:

    bom, escreveram na wikipedia que tem reviravolta inspirada em Kill Bill, mas sem toda aquela violência sanguinária. Impossibru separar uma coisa da outra.

  6. Sandy disse:

    Faltou o livro Cândido ou o otimismo do Voltere que também serviu de inspiração pra o filme do Mazzaropi e consequentemente pra novela

    • Sandy disse:

      Faltou a “divina comédia” em sete pecados. “Rebecca, a mulher” inesquecível em Alma gêmea. “Lolita” do Vladimir Nabocov em verdades secretas. A “odisseia” em chocolate com pimenta. O Walcyr plagiou praticamente a literatura ocidental inteira…

      • Sandy disse:

        Nem e o vento levou escapou…

      • lsureke disse:

        Falando em “Rebecca, a mulher inesquecível” aquele plot da Luiza tentando desvendar o mistério da morte da primeira mulher do Eric em Pega Pega foi um cópia bem descarada de A Sucessora né? A mocinha (Marina/ Luíza) que se casou com um cara milionário e alguns anos mais velho (Roberto/ Eric) decide investigar as circunstancias suspeitas da morte da primeira mulher do cara (Alice/ Mirela), mesmo que isso provoque a fúria de muitos envolvidos, entre eles, a empregada fiel e apaixonada pelo patrão (Juliana/ Maria Pia). Fora isso, o casamento dos dois entra em crise por causa de uma antigo amor da mocinha (Miguel/ Lourenço). Tudo isso, é claro, sem a elegância do texto do Manoel Carlos.

  7. ISSO É INVEJA, AFINAL OS CRÍTICOS ODEIAM O ESTILO POPULAR E CIRCENSE DO WALCYR, POR ISSO PEGAM NO PÉ DELE. O SONHO DESSES CRÍTICOS DEVE SER VER O BRASIL INTEIRO DISCUTINDO COMO EM UM TEXTO NADA REAL DE MANOEL CARLOS.

  8. Rafael disse:

    Eu não me incomodo com essas “inspirações”, desde que sejam creditadas. Mesmo que ‘O Conde de Monte Cristo’ e ‘Madame X’ sejam, agora, obras de domínio público, homenagem não é homenagem sem os créditos. Fico pensando se o Walcyr adoraria receber as homenagens que ele mesmo faz, se ele gostaria de ver uma novela de um fulano com a protagonista chamada Ana Francisca, que compra uma fábrica de chocolates, etc. Acho essa postura dele meio hipócrita. Até porque, várias pessoas compram os livros quando veem a adaptação na tv, vide até ‘O Canto da Sereia’, que teve edição esgotada;

  9. pedro disse:

    faltou citar Lolita que foi inspiraçao para verdades secretas

  10. Lyana disse:

    Só consigo ver semelhança da Clara com a Nina de avenida Brasil e a vidente lá com a mae Lucinda…

  11. Eduardo disse:

    chocado que nenhuma novela dele escapou de acusações, apenas caras e bocas kkkkkkkkkk walcyr é um autor preguiçoso que a globo exige que ele bote novela todo ano no ar porque sabe que as suas fórmulas da mesmice fazem sucesso e que o povo brasileiro não cansa apesar de que se você observar são tramas fracas mas com apelo muito grande popular, verdades secretas e outro lado do paraiso pra mim são as unicas que se diferenciam do populacho apesar de que em OOLDP a novela tem personagens e situacoes bem constrangedoras, personagem do juliano cazarre chamando a marieta de potranca velha

    • Sandy disse:

      É aí que você está errado. Teve um plot em caras e bocas que a Milena (Sheron Menezes) se descobre filha do vô dá Dafne (Ary Fontoura) fica rica e “compra” o Sérgio Marone (clara referência ao livro Senhora do José de Alencar), sem falar quando o Pelópidas surta e sequestra a Dafne no maior estilo o fantasma da ópera

  12. Natsu disse:

    E Gloria Perez que fez Dupla Identidade uma cópia de The Fall

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