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No final de “Velho Chico” Saruê perde a esposa, a sanidade e a peruca

Vocês reclamam bastante que a gente não fala muito de “Velho Chico” aqui no site. Deixando a imparcialidade jornalística de lado e falando a verdade, o motivo pelo qual nunca escrevo textos sobre a novela acaba sendo bem simples: eu não tenho paciência pra acompanhar a trama das nove. Tentei, ainda tento de vez em quando, mas tem alguma coisa ali que não me pega na trama. Não sei se a culpa é da forma contemplativa com que a novela se constrói, se são os figurinos, a luz amarela ou as grandes discussões sobre a cooperativa, mas fato é que é muito difícil que a TV aqui de casa esteja ligada em “Velho Chico” durante a noite. Das últimas vezes que tentei, mudei de canal antes de completar dez minutos.

Voltando para a imparcialidade jornalística, a verdade é que “Velho Chico” está longe de ser uma novela ruim. Comparada com as duas últimas novelas das nove, “A Regra do Jogo” e “Babilônia”, os méritos da novela são muitos. A ideia da trama é bem trabalhada, os personagens são bem construídos, o texto tem qualidades e a esmagadora maioria dos atores estão ótimos em seus papéis. A novela, entretanto, não emplacou tanto quanto a Globo gostaria. Tentar descobrir o porquê de uma novela que não é exatamente ruim não emplaca, é algo um pouco complicado. Talvez o figurino, talvez o excesso de poesia, talvez a dificuldade da gente em entender que aquilo ali é 2016 no sertão. Qualquer coisa que passe por isso e pelo fato de que, talvez, preferíamos ver uma coisa mais parecida com “O Rei do Gado” na TV. Algo mais simples? Enfim, difícil dizer.

Fato é que a novela que não virou um fenômeno termina logo e já estamos recebendo aquela coisa que amamos muito: os famigerados spoilers de fim de novela. E o fim do coronel Saruê está bem longe de ser um final feliz. É que o jornal Extra adiantou que Iolanda (Christiane Torloni) vai cansar de ser tão humilhada e vai embora de vez de Grotas de São Francisco assim que sua sogra, Encarnação (Selma Egrei) falecer. O porquê de Iolanda deixar seu amor de juventude é aquilo que já sabíamos: Afrânio se transfigurou em coronel Saruê e sua falta de noção foi bem além da peruca acaju. Sem reconhecer mais o homem que um dia amou lá naquela época de liberdade e festas de humanas, Iolanda volta pra Salvador pra fazer o que ama: cantar.

iolanda

Depois de se ver sozinho e abandonado em sua casa, Saruê começa a meter o louco e resolve emparedar os quartos das pessoas que já se foram. Ele pega tijolos e cimentos e tasca paredes em cima do quarto de Encarnação e Martin (Lee Taylor), porque segundo ele, não vai ter como ele viver com as lembranças de tudo de mal que ele fez àquela família. Quem roda nessa derrocada do coronel é sua peruca acaju. E pra isso, o diretor da novela, Luiz Fernando Carvalho, tem uma boa explicação. Ao UOL, Luiz disse que a peruca era uma espécie de coroa ridícula que fazia com que o coronel se transfigurasse naquela figura populista que queria ter o poder em Grotas de São Francisco. A partir do momento que ele perde tudo para Carlos Eduardo (Marcelo Serrado), ele vai voltando a ser Afrânio e, por isso, se livra do figurino espalhafatoso e da peruca, mostrando que pode voltar a ser tudo aquilo que ele um dia já foi.

Ainda segundo o diretor, é seu amor por Iolanda que vai levá-lo de volta à esse caminho. Ou seja, fica uma esperança de que no fim ainda haja reconciliação entre o casal. Segundo o próprio Benedito, em uma entrevista recente ao UOL, o último capítulo ainda não foi escrito. Climas de mistério no ar.

E vocês, animados para o final de Velho Chico ou já torcendo pela vinda de “A Lei do Amor”?

Larissa Martins

Fala muita bobagem, escreve sobre quase qualquer coisa e sabe tudo sobre a temporada da vagabanda de malhação.

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10 Resultados

  1. Alice Criff disse:

    não sei se eu gostei mais da reportagem, ou dos comentários. É exatamente isso. Uma trama boa com direção errada. Peca pelo tempo, pela morosidade, a gente não sabe se está no século XX ou XXI, e essa da Tereza ser branca na juventude, e mulata na fase adulta, é a mais pura verdade. Não gostei nem de Babilônia e nem de A Regra do Jogo, e confesso que esperava mesmo uma Renascer ou O Rei do Gado, novelas que marcaram a minha adolescência. Mas em fim, que venha A Lei do Amor, e que seja uma história boa, pois em tempos de tv acabo, facebook e netflix, só mesmo uma boa história para prender o espectador.

  2. Chris Freires disse:

    Quando li o primeiro paragráfo da matéria fiquei preocupada,porque além de saber que a trama não te prende nem por dez minutos,desde que começou a minissérie Justiça acompanho alguns comentários no Twitter á respeito de Velho Chico e a verdade é que a novela não agradou ninguém … Ai eu fiquei tipo,ué gente,essa novela ta longe de ser ruim.não é nada que eu fale “NOSSAAAA QUE NOVELÃO” mas definitivamente é bem superior a suas anteriores. O problema de Velho Chico é que primeiro de tudo,não foi feita pra ser uma novela de horário nobre,aquele poetismo e ambientação que parece mais o século passado do que 2016 poderia funcionar muito melhor como uma novela das 18h,aliás … eu super visualizo a trama nessa faixa de horário,mas definitivamente não é o que o público quer ver no horário nobre. Você magina o público da Avenida Brasil dando audiência pra Velho Chico (por melhor que seja) no mesmo horário? porque eu sinceramente não. Segundo que a novela poderia ter parado na segunda fase,até a minha mãe que nunca fala mal de novela nenhuma reconheceu que ter tirado o Rodrigo Santoro e cia pra colocar Fagundes e cia fez a novela perder muito da sua qualidade,via muita gente elogiando na época do Santoro aliás,talvez a novela tenha tido fases demais. Enfim,Velho Chico é um amontoado de fatores que não deixaram uma novela boa dar certo.

    E vou ser sincera,o teaser do A Lei do Amor não me chamou muito a atenção não,mas que me surpreenda,to sedenta por uma novela boa faz anos,não aguento mais esse marasmo manas!

  3. Rafael T disse:

    Uma coisa eu tenho notado em Velho Chico, acho mil vezes melhor que Babilonia e ARDJ e acompanho as vezes…Agora na reta final o Barbosa e o Luperi estão vilanizando Carlos Eduardo a ponto de se tornar um psicopata para ser o novo saruê melhorou em 100% a trama

  4. José disse:

    A Larissa resumiu bem os motivos pelos quais uma novela que não é ruim não emplacou. Velho Chico deixou o que tem de melhor – boa história e bom elenco aliados – serem engolidos, apagados e enterrados em detrimento da PÉSSIMA direção do Luiz Fernando Carvalho. Falem o que for, ele pode ter tido um capricho e um trabalho 70 mil vezes maior que qualquer direção de qualquer novela recentemente, mas nada disso tira a culpa do erro que ele cometeu. Nem sempre fazer uma obra prima estética e lúdica tem que ser aplaudido e elogiado. O LFC simplesmente cagou na novela de um jeito irremediável. Se a audiência está razoável, crescente, subindo na reta final é mérito do texto afiado do Benedito e da boa história que ele se propôs a contar. O público esperava uma novela rural, simples, realista, com cara de 2016 como O Rei do Gado, que qualquer um acreditava que se passava em Ribeirão Preto de 1996. É inviável aquele tom de poesia, de ópera, aquela trilha sonora, aquela luz amarela, aquele cenário de plástico e figurinos medievais, aquelas atuações e gritarias sempre acima do tom de maneira “oooh que novela épica”…

    Os únicos defeitos da trama, fora essa direção desastrosa, foram a escalação de elenco (Tereza era branca na juventude e virou mulata na fase adulta… aliás, Camila Pitanga cinquentona? Camila Pitanga protagonista uma novela após o desastre que foi Babilônia?); muito se pecou pela questão da idade dos atores e personagens, como Em Família. Mas isso já tá virando rotina nas novelas da Globo. Enfim, o outro erro foi terem feito um início de 2ª fase tão lento. NADA, absolutamente NADA de interessante acontecia enquanto Tereza discursava contra as mangas envenenadas e o público se indignava com o Afrânio do Fagundão não lembrar em nada o do Santoro. Tinha zero necessidade de demorar tanto o reencontro de Santo e Tereza. Foi o caso de novelas da Glória Perez (a demora pra Morena ser traficada, pra Maya casar com o Raj ou pra Sol conseguir chegar nos Estados Unidos).

    Enfim, não duvido que a história terá uma excelente conclusão e que o final do Coronel Saruê provavelmente será bonito (em nome exclusivamente do par bonitinho que o Santoro e a Carol formaram na 1ª fase torço para que Afrânio e Iolanda terminem juntos e o Fagundão consiga nos convencer de que é o Afrânio do Santoro anos mais velho). Que venha A Lei do Amor <3

    • Samuel Viana disse:

      Chamar de desastrosa é forçar a barra um pouco.A direção do Luiz Fernando somente não combina com o texto do Benedito, mas.dizer que é ruim é exagerar um pouco.Tanto é verdade que a maioria dos comentários que ouço sobre Velho Chico é que tem uma ótima fotografia,um ótimo cenário,trilha sonora brilhante, mas peca pela falta de história que cative o telespectador.Na minha humilde opinião acho até que o Luiz Fernando faz milagre com o texto lentoe e quase parando do Benedito

      • José disse:

        É justamente essa direção “de filme épico” que afastou o público. Eu acho a história de Velho Chico ótima, mas é um horror ficar assistindo tudo aquilo sob a ótica de um desenho animado com música épica. Todo mundo colorido, cenários de plástico, etc etc… não é desastre por ser mal-feita, é desastre por não combinar com a proposta. É a mesma coisa de dar uma direção soturna para uma atração infantil. O Luiz Fernando combina sim com o texto do Benedito, tanto é que dirigiu seus maiores sucessos (Renascer e O Rei do Gado). Só que ele simplesmente surtou e decidiu fazer de tudo uma nova Hoje é dia de Maria. Achei que Meu Pedaicnho de Chão tinha sido exceção, mas pelo jeito foi a primeira de muitas

    • Rafael T. disse:

      A direção ao meu ver, é culpada sim, mas em partes, mas o texto até então intocavel pelo Benedito e familia ltda, tiveram que engolir os ajustes mandados pelo Silvio de Abreu, como agilizar um pouco o texto, antecipar alguns acontecimentos pra dar mais ganchos e vilanizar algum personagem (Carlos Eduardo), o que apontou o grupo de discussão feito a dois meses atrás para levantar um pouco a audiência, que patinava nos 27-30 pontos

  5. Tai disse:

    Tbm nao consigo assistir essa novela acho muuuuiitoo chata essas cenas amareladas me irritam. Tomara que acabe esse trambolho logo e que venha A Lei do Amor.

  6. Samuel Viana disse:

    É imprescindível que A lei do amor seja um novelão daqueles que não vemos há muito tempo.Com Haja coração e Sol nascente no ar tendo qualidades bastante duvidosas se a trama da Maria Adelaide não for ótima ou pelo menos algo de se assistir, provavelmente vou me afastar da Globo até novembro quando estreia Rock story

  7. Um Noveleiro disse:

    Esse era pra ser um daqueles novelões clássicos, com direito a remake daqui a algumas décadas. Um pouco de poesia nas cenas pode dar um resultado bonito e passar a emoção do momento (Como a última cena da Condessa Vitória solitária, no fim da primeira fase de “Além do Tempo”). Luiz Fernando Carvalho não entendeu o significado de “UM POUCO”, e exagerou em todos os sentidos. Me pergunto como a Dona Encarnação, uma senhora de cem anos, sobreviveu usando aqueles trajes pesados, quase medievais em tons escuros (Nem faz muito calor né?) no meio do sertão em pleno 2016? Sim, pois até Selma Egrei passou mal nas gravações. Fora o suor excessivo de alguns personagens, o colete bicolor do Saruê e alguns personagens que não envelheceram em nada (Luzia e Chico Criatura). A novela tinha uma boa história boa pra contar, mas o mundo de fantasias foi tão grande que engoliu um pouco a trama principal e afastou parte do público que conquistou nas primeiras fases. E uma pena que só agora na reta final “Velho Chico ” esteja seguido um caminho que deveria ter seguido desde o começo dessa fase. Podia ter sido melhor.

    Quem venha “A Lei do Amor”…

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